A saúde mental do médico-veterinário é um tema urgente que precisa de mais atenção. Esses profissionais enfrentam longas jornadas de trabalho, decisões críticas e uma exposição constante a situações emocionalmente desgastantes, como a perda de pacientes. E isso é apenas o começo dos desafios.
Estresse, burnout e isolamento estão cada vez mais presentes na rotina dos veterinários, levando a um aumento significativo de problemas como depressão e, infelizmente, até suicídio.
Com base em conversas realizadas com clientes SimplesVet e com depoimentos da psicóloga especialista Bianca Gresele, neste artigo vamos explorar esse cenário de forma aprofundada, mostrando como falar abertamente sobre saúde mental pode fazer toda a diferença na vida desses profissionais.
Além disso, traremos dicas de prevenção para gestores e veterinários, além de orientações sobre onde e como procurar ajuda especializada quando necessário.
- Panorama da saúde mental de médicos-veterinários atualmente
- Como falar sobre a saúde mental dos médicos-veterinários?
- Dicas de prevenção para gestores de clínicas e veterinários
- Onde e como procurar ajuda?
Panorama da saúde mental de médicos-veterinários atualmente
A rotina de um médico veterinário é marcada por longas jornadas de trabalho, alto nível de responsabilidade e decisões críticas que precisam ser tomadas em momentos de grande pressão. Esse cenário, por si só, já seria desafiador, mas, como explicou a psicóloga Bianca Gresele, o problema vai muito além.
“Os veterinários enfrentam um desgaste emocional constante, especialmente por lidarem diariamente com a perda de animais e o sofrimento dos tutores. Isso gera uma carga emocional que, se não for bem gerida, pode levar a consequências graves para a saúde mental do médico-veterinário”, afirma.
Lidar com a morte de pacientes, em particular, é uma das situações mais desgastantes. A dor da perda não é apenas dos tutores dos animais, mas também dos próprios veterinários, que se apegam aos seus pacientes.
Esse cenário contribui para o desenvolvimento de problemas como burnout e depressão, uma vez que esses profissionais sentem o peso emocional de cada decisão e cada vida que está em suas mãos.
Bianca Gresele também ressaltou a importância de desconstruir a romantização da profissão veterinária. Existe uma expectativa de que o amor pelos animais será suficiente para superar qualquer obstáculo, mas essa visão ignora a realidade do trabalho, que é emocionalmente exaustiva.
“Essa romantização só aumenta o fardo emocional e a sensação de desvalorização, especialmente quando o reconhecimento financeiro e social não acompanha o esforço diário que eles fazem”, comenta a psicóloga.
Um dos pontos mais preocupantes discutidos por Bianca é o aumento de casos de suicídio entre veterinários. Embora o tema ainda não seja amplamente estudado no Brasil, estudos internacionais já apontam uma correlação alarmante entre a profissão e o risco de suicídio.
A pressão financeira imposta pelos clientes, que muitas vezes não compreendem o custo dos tratamentos, a necessidade de estar disponível em emergências e o desgaste emocional ao lidar com o luto dos tutores são fatores que intensificam essa crise.
Além disso, o isolamento profissional é uma questão séria. Muitos veterinários, especialmente aqueles que atuam em clínicas menores ou de forma autônoma, acabam se afastando de uma rede de apoio, o que agrava a sensação de solidão e esgotamento.
“A falta de suporte emocional e de diálogo entre os profissionais só aumenta a dificuldade em lidar com o estresse do dia a dia”, reforça Bianca.
Esses fatores, combinados, criam um cenário preocupante que exige atenção e ações concretas para melhorar a saúde mental dos médicos-veterinários.
Leia também: Burnout veterinária: por que falar desse assunto na sua clínica
Como falar sobre a saúde mental dos médicos-veterinários?
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Falar sobre saúde mental é um passo fundamental para quebrar o silêncio e os estigmas que cercam o tema na veterinária. Segundo a psicóloga Bianca Gresele, abrir esse diálogo é essencial para criar um ambiente de confiança onde os profissionais se sintam à vontade para compartilhar suas dificuldades.
“Quando falamos de forma natural e sem julgamentos sobre saúde mental, normalizamos o assunto e encorajamos os veterinários a buscar apoio antes que a situação se agrave”, afirma Bianca.
É importante que o tema seja abordado de maneira simples e acessível, sem a necessidade de formalidades ou receios de críticas. Isso ajuda a construir um espaço seguro, onde veterinários podem discutir seus desafios emocionais, compartilhar experiências e buscar apoio entre colegas e gestores.
Ao promover conversas francas sobre o impacto emocional da profissão, criamos uma rede de apoio que pode ser a diferença entre enfrentar as dificuldades sozinho ou com ajuda.
Sinais de alerta: como identificar quando é hora de buscar ajuda?
Identificar os primeiros sinais de que algo não vai bem é crucial para prevenir problemas mais sérios. Bianca Gresele destaca que mudanças de comportamento entre colegas, como isolamento, explosões de raiva e atitudes inesperadas, podem ser indicativos de que o profissional está enfrentando dificuldades emocionais.
“Esses sinais são alertas importantes de que o veterinário pode estar lidando com estresse, ansiedade ou até mesmo depressão. A identificação precoce permite que ele receba o suporte necessário”, explica.
Além disso, cansaço extremo, perda de interesse pelo trabalho e distúrbios de sono são sintomas que não devem ser ignorados. Ficar atento a esses sinais, tanto em si mesmo quanto nos colegas, é o primeiro passo para garantir que o ambiente de trabalho seja um espaço de acolhimento e saúde mental.
Dicas de prevenção para gestores de clínicas e veterinários
Criar um ambiente de trabalho saudável é uma responsabilidade que começa com a liderança. Ambientes colaborativos, onde a comunicação é aberta e o apoio emocional entre colegas é incentivado, são essenciais para a promoção da saúde mental dos médicos-veterinários.
Segundo a psicóloga Bianca Gresele, o papel dos gestores é fundamental na criação e manutenção de um espaço seguro e acolhedor. “Os gestores precisam adotar uma postura proativa, não apenas reagir a crises“, afirma Bianca.
Ela recomenda que as clínicas veterinárias adotem políticas formais de saúde mental, que vão além de medidas pontuais. Contratar psicólogos especializados, organizar espaços para conversas abertas e oferecer suporte emocional contínuo são algumas das ações sugeridas.
Bianca critica a ideia de que apenas palestras ocasionais possam resolver questões profundas. “É necessário criar uma cultura de cuidado, onde pausas regulares, apoio psicológico e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional sejam prioridades”, explica.
Além disso, ela sugere que os gestores realizem pesquisas organizacionais para entender as necessidades específicas de suas equipes antes de implementar qualquer política. Com isso, é possível criar ações direcionadas que realmente fazem a diferença na rotina e no bem-estar dos veterinários.
Como o autocuidado pode ajudar a saúde mental dos veterinários?
O autocuidado é uma peça-chave para manter a saúde mental em dia, e Bianca reforça a importância de que cada veterinário incorpore essa prática em sua rotina.
Atividades físicas, hobbies e momentos de desconexão são fundamentais para reduzir o estresse. “O autocuidado precisa ser visto como uma prioridade, e não como algo opcional“, destaca Bianca.
Estabelecer limites claros entre trabalho e vida pessoal é uma das dicas principais. Delegar tarefas quando possível e priorizar pausas regulares, mesmo em dias mais agitados, ajuda a recarregar as energias e manter o equilíbrio emocional a longo prazo.
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Onde e como procurar ajuda?
Quando os sinais de estresse começam a afetar nosso desempenho no trabalho, nossas relações pessoais e a qualidade de vida, é importante buscar ajuda. Médicos-veterinários enfrentam diariamente uma carga emocional intensa, e reconhecer quando precisam de apoio é o primeiro passo para cuidar da própria saúde mental.
Existem diversas formas de buscar ajuda, como a psicoterapia, grupos de apoio e redes especializadas em saúde mental para veterinários. Segundo a psicóloga Bianca Gresele, “É fundamental que os veterinários saibam que não estão sozinhos e que existem recursos disponíveis para apoiá-los em momentos difíceis”.
Associações profissionais, como a Ekôa Vet, oferecem recursos dedicados à saúde mental, incluindo linhas de apoio emocional e grupos de discussão focados em questões específicas da nossa profissão.
Bianca destacou a importância dessas redes de apoio, afirmando: “A Ekôa Vet tem desempenhado um papel vital na promoção da saúde mental entre os veterinários, oferecendo um espaço seguro para compartilharmos nossas experiências e desafios”.
Além disso, iniciativas de conselhos regionais, como o do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Minas Gerais, que criou um núcleo dedicado à saúde mental dos profissionais da área, são exemplos de como as organizações podem apoiar os veterinários.
“Esses núcleos de saúde mental são essenciais para garantir que os profissionais tenham acesso a suporte especializado antes que o esgotamento se torne insustentável“, ressalta Bianca.
Bianca também sugere que tanto veterinários quanto gestores busquem essas opções proativamente, reforçando a necessidade de estabelecer redes de apoio dentro do ambiente de trabalho.
“Não devemos esperar que a situação chegue ao ponto de crise. Buscar ajuda antecipadamente pode fazer toda a diferença na manutenção da nossa saúde mental e no nosso bem-estar geral”.
Para quem está procurando ajuda, recomendamos explorar as opções oferecidas por associações profissionais, participar de grupos de apoio e considerar a psicoterapia com profissionais especializados em saúde mental para veterinários.
Cuidar da nossa saúde mental é tão importante quanto cuidar da saúde dos animais que atendemos. Que tal otimizar sua rotina e reduzir o estresse na gestão da sua clínica? Experimente o SimplesVet grátis por 7 dias e veja como uma boa gestão pode fazer a diferença no seu dia a dia!