Quando nós, humanos, estamos internados, a nutrição é uma das primeiras preocupações da equipe médica. Afinal, os alimentos são o combustível do corpo. Então, por que a nutrição animal na internação de animais seria diferente?
A alimentação é, com toda a certeza, essencial para a manutenção da saúde dos animais. Principalmente quando eles se encontram internados.
A nutrição na internação é essencial para o bem-estar, saúde e plena recuperação do animalzinho. E, apesar de ser super importante, ela ainda não está presente em todas as empresas que cuidam da saúde animal.
Por isso, apostar nessa modalidade é um diferencial de negócio para clínicas e hospitais veterinários!
Neste artigo você irá entender: a importância da nutrição animal na internação, quem pode prescrever um plano nutricional, como alimentar um animal doente e porque você deve seguir essas dicas.
Para que nós possamos dar um mergulho profundo na área, convidamos a nutricionista e nutróloga Ananda Campos, da HPet (BA) – uma fã incondicional da nutrição pet na internação para bater um papo sobre o assunto.
Continue lendo para conferir!
Por que a nutrição animal na internação é tão importante?
A nutrição animal na internação é o 5º parâmetro vital a ser considerado na avaliação clínica. Precedido apenas por temperatura, pulso, respiração e avaliação da dor.
Apesar disso, a nutrição veterinária na internação ainda é um tema pouco discutido com a importância que deveria, na opinião de Ananda Campos.
“Quando estamos internados, sempre vem um nutricionista no leito perguntar: o que a pessoa gosta e o que ela não come. Assim, o profissional pode montar um cardápio específico e acelerar a recuperação”. Porém com os animais, nem sempre é assim – o que prejudica o bem-estar do animal.
Oferecer suporte nutricional para os pacientes é garantir a absorção dos níveis adequados de nutrientes. Isto fará toda a diferença no tratamento ao qual estão sendo submetidos.
Ter um plano nutricional adequado às necessidades clínicas do animal evitará que ele fique, por exemplo, com baixo aporte calórico, o que pode ocasionar:
- Diminuição da eficiência imunológica
- Diminuição da síntese tecidual
- Baixa resposta do organismo aos medicamentos administrados
A associação de uma dieta, com suplementação adequada ao tratamento da patologia, potencializa a recuperação do animal internado e pode trazer diversos benefícios.
Para que você possa saber mais sobre isso, vamos elencar alguns dos principais benefícios da nutrição pet.
Fortalece a imunidade
A alimentação adequada garante o suprimento das necessidades energéticas do animal. Portanto, antes de definir um plano alimentar, esteja atento ao escore de doença do pet.
O escore de doença é um guia de prognóstico que é muito útil na definição de estratégias nutricionais. Entenda o ED abaixo:
Escore | Condição |
1 | Paciente normal, sem doença sistêmica. Afecção localizada |
2 | Paciente com doença sistêmica moderada. |
3 | Paciente com doença sistêmica severa e limitante, mas não incapacitante. |
4 | Paciente com doença sistêmica incapacitante, que representa uma ameaça constante à vida. |
5 | Paciente moribundo, sem esperança de viver mais de 24 horas, com ou sem tratamento. |
Sendo assim, pacientes com escore de doença 4 precisa de uma dieta rica em calorias. Porém, sem exagero, para que eles não tenham comprometimento funcional.
Fazer uma avaliação do estado nutricional do animal antes de alimentá-lo fará a diferença na recuperação e fortalecimento do organismo do bichinho.
Além disso, preparar um cardápio adequado às necessidades nutricionais contribuirá para uma recuperação sadia.
Leia também: a história do Hospital Reino Animal (MG).
A nutrição animal na internação favorece a reparação de tecidos
Muitos animais ficam internados após passar por um procedimento cirúrgico. E, logo após o procedimento, as necessidades alimentares do animal também mudam.
O processo de cicatrização é complexo e envolve várias etapas. E uma delas é a alimentação, que pode ajudar ou retardar a cicatrização da pele.
Para acelerar o processo de cicatrização, o corpo precisa da quantidade ideal de oxigênio e energia que só é encontrada nos alimentos. Isso ocorre porque a alimentação é encarregada de fornecer as vitaminas e minerais necessários para fortalecer o corpo do animalzinho.
Por exemplo, para um animalzinho que passou por uma cirurgia, o mais indicado é uma dieta rica em proteínas. Alimentos proteicos favorecem a formação de vasos sanguíneos, proliferam fibroblastos e sintetizam melhor o colágeno.
Além disso, quando o plano alimentar é pensado para as necessidades nutricionais do animal, os riscos de infecções diminuem bastante.
Nutrição animal durante a internação acelera o retorno do bichinho para casa
E, por fim, mas não menos importante: a boa alimentação acelera o retorno do pet para casa!
Ao contar com o suporte de nutrição animal na internação, sobretudo, você transmite:
- Mais segurança para o tutor
- Favorece a recuperação do bichinho
- Diminui as chances de complicações durante e após a internação
Com o animalzinho se recuperando mais rápido, você atesta a eficiência dos cuidados prestados no seu estabelecimento e, acima de tudo, cria um diferencial.
Quem pode prescrever um plano nutricional veterinário?
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Uma das grandes discussões no mercado veterinário é sobre quem pode ou deve prescrever uma dieta nutricional animal.
Mas, nós respondemos: um veterinário ou zootecnista que possua conhecimento sobre nutrição pet está autorizado a fazer a prescrição.
Atualmente, não existe ainda um título formal de especialista em nutrição pet. Todavia o que existe são pós-graduações na área, que aumentam o conhecimento – essa foi a escolha de Ananda Campos.
“Ter a presença de um profissional focado em nutrição ajuda muito na rotina da clínica ou hospital veterinário. Isso faz com que os demais veterinários possam se dedicar a acompanhar outras necessidades da internação”, diz Ananda.
Como criar um plano para nutrição animal na internação?
Para criar um plano nutricional adaptado para um animal internado, é preciso ir além das comidas preferidas do pet. Afinal, o foco aqui é recuperação.
Para que a alimentação seja benéfica para o animal, ela precisa:
- Calcular a necessidade energética do animal
- Encontrar o balanço ideal entre gorduras, proteínas e carboidratos
- Considerar a idade do bichinho
- Entender se o animal passou por jejum
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Além disso, a nutricionista e nutróloga Ananda alerta: a comida precisa ser saborosa e atrair a atenção do bichinho. O pet precisa querer comer.
Pulo do gato
Uma das tendências do mercado pet é a alimentação natural. Que tal oferecer um cardápio natural e personalizado no seu estabelecimento para animais que estão internados?
Nutrição animal na internação: como alimentar um animal doente?
Diferente de um animal saudável, o pet adoecido – o caso de animais internados – precisa de um manejo especial.
Para que você possa saber como lidar com este tipo de rotina, abaixo vamos trazer algumas orientações.
Simples é sempre melhor
O ideal é que o veterinário alimente o animal da forma mais simples possível. Além disso, é preciso lembrar que o bichinho já está numa situação fragilizada.
Portanto, quanto mais “normal” puder ser a alimentação, mais confortável ela será. O ideal é optar por alimentos fáceis de digerir, com alto teor de proteína, gordura, vitaminas e minerais.
É por isso que é tão importante incluir o tutor na decisão. Pergunte que tipo de alimento o pet gosta e quais são seus hábitos alimentares para facilitar o processo de alimentação.
Vamos supor que o bichinho só come na companhia de pessoas. Bem, para confortá-lo e facilitar a alimentação, você pode oferecer um funcionário para acompanhá-lo na hora de comer.
“Essa pessoa não deve ser a mesma que conteve o bichinho no momento anterior. Deve ser alguém que irá dar um carinho e oferecer alimentação – de mais de um tipo, se preciso”, diz Ananda.
Ter este cuidado vai evitar que o bichinho passe por qualquer tipo de estresse na hora de se alimentar. Ademais, isto poderá ser um diferencial para o seu estabelecimento!
Não force o animal
É comum que animaizinhos internados percam o apetite. Além disso, o fato de estarem longe de casa e dos tutores, combinado a condição patológica, pode diminuir a vontade deles de comer.
Entretanto – mesmo em casos que o bichinho não quer comer – forçar a alimentação é sempre uma má ideia, pois criará repulsa no animal. O que pode piorar (muito) o seu estado.
Para incentivar a alimentação, invista em alimentos saborosos, com texturas atraentes e convidativas. Comidas pastosas ou alimentação natural, previamente calculada de acordo com as necessidades nutricionais, podem ser grandes aliadas.
Além disso, é indicado que a alimentação do animal seja feita por um médico diferente daquele que faz a administração de medicamentos.
A medicação é um estresse para o animal. E, ao ser oferecida pelo mesmo profissional, ele pode associar a alimentação a essa situação e recusar o alimento.
Veja também: como abrir uma farmácia veterinária
E se o pet não quiser comer?
Bom, se o pet realmente não quiser comer, será necessário buscar outros recursos alimentares. O que não pode acontecer é deixar o bichinho em jejum.
“Quando o animal não estiver se alimentando, precisamos ficar atentos para buscar as estratégias necessárias. Já que não podemos ficar omissos e aceitar que ‘ele não está comendo'”, diz Ananda.
Em casos em que o animal realmente não aceita a alimentação voluntária, é preciso recorrer a processos como a alimentação enteral ou a nutrição parenteral. Ambas as opções servem para nutrir o animal e fortalecê-lo através da alimentação, quando o animal se recusa a comer.
A alimentação enteral é administrada via sonda e fornece exatamente os nutrientes necessários, sem estresse para o bichinho.
Já a nutrição parenteral envolve a administração de nutrientes como aminoácidos, glicose, carboidratos, eletrólitos, vitaminas e minerais por acesso venoso, central ou periférico.
A nutrição pode ser utilizada por 2 ou 3 dias. E, para administrá-la, é preciso ter uma equipe de veterinários, com aparelhos como uma bomba de infusão contínua.
Para entender melhor os procedimentos, acesse o link e saiba mais.
O que não oferecer ao animal
Como você pôde perceber, a alimentação faz toda a diferença na recuperação animal internado.
Por isso, é tão importante não oferecer alimentos que sejam difíceis de digerir ou até mesmo, tóxicos para a espécie.
“Já vi casos de empresas que alimentavam cães internados com papinhas de neném – que costumam conter cebola, que é tóxica para cães”, afirma Ananda Campos.
Na internação, alimentos como sachês e patês são excelentes opções para estimular o apetite. Eles são os mais indicados por serem palatáveis e fáceis de diluir para administração via sonda.
Como orientar o tutor nos cuidados em casa com a nutrição animal
Uma boa nutrição diminui o tempo do animalzinho na internação e cria mais chances de ele ir para casa. Mas, o cuidado com a alimentação não deve acabar no momento que ele sai da clínica.
Para garantir que o bichinho se recupere, o tutor precisará manter a rotina alimentar, além de ter um cuidado especial com o pet pós-internação.
Para que você saiba como orientá-lo, preparamos algumas dicas abaixo.
Leia também: quando receitar floral para cachorro para um paciente.
Plano nutricional adequado
Antes de dar alta para o animal, é de extrema importância oferecer uma série de recomendações para o tutor.
Entre as recomendações deve estar o plano nutricional, que pode incluir alimentos e suplementos.
No momento da alta, explique a importância que a alimentação tem na recuperação do bichinho e, se possível, forneça um plano alimentar.
Informe que as orientações devem continuar sendo seguidas em casa, pois só assim, o animal terá uma recuperação plena e saudável.
Água em abundância
A hidratação é essencial para a recuperação do pet. Para estimular o consumo de água, o tutor deve ter mais de um pote disponível para que nunca falte água para o bichinho.
Além dos potes, o tutor também pode apostar em fontes que simulem água corrente. Este tipo de recurso é recomendado, especialmente, para felinos que normalmente já apresentam resistência ao consumo de água.
Uma outra opção é investir em alimentos pastosos, eles ajudam a adicionar mais água à dieta e facilita o consumo para o animalzinho pós-internação.
Observar o comportamento do animal
No momento pós-internação, o tutor deve agir como uma espécie de guardião do pet para garantir que ele está se alimentando.
Dedicar atenção especial para o bichinho nesse momento ajudará a garantir que ele está recebendo todos os nutrientes necessários para sua recuperação.
Além disso, ao acompanhar o animalzinho de perto, ele também se sentirá mais confortável, o que poderá facilitar a recuperação. E será mais fácil identificar se existe algo de errado com o bichinho.
Entrar em contato com o veterinário em casos de necessidade
Por fim, informe ao tutor que em casos de piora ou demora na recuperação, é preciso entrar em contato com o veterinário imediatamente.
Passar essa orientação para o tutor é de extrema importância! Afinal, alterações no estado do animal fora do esperado, podem resultar em complicações e até mesmo óbito.
Portanto, ao dar alta para o bichinho, deixe um telefone de contato e informe que este número estará disponível para ajudá-lo.
Conheça o Módulo de Internação do SimplesVet
Ao longo deste artigo te contei sobre a importância da nutrição animal na internação e como ela pode ser benéfica para o animal.
Porém, eu sei: na rotina, acompanhar todos os animais não é uma tarefa fácil. Por isso, quero te apresentar o módulo de internação do SimplesVet.
Este módulo, apresenta uma visão completa dos procedimentos e demais cuidados com o pet através do mapa de execução.
Nele, você verá:
- Quais animais estão internados
- Quais procedimentos foram realizados e quais estão previstos
- Qual é o estado do animal
- Se o bichinho se alimentou ou não
E muito mais!
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Agora que você já sabe o quanto a nutrição animal é importante e como é importante acompanhar os animais internados de perto. Quero te fazer um convite: experimente o SimplesVet por 7 dias grátis.
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Referência: LUMB, W. V.; JONES, E. W. Veterinary anesthesia. 2 ed. Philadelphia: Lea & Febiger, 1984.